FORAL do PROJECTO


Castelo Branco
Atalaia da Beira-Baixa

O Último Reduto Templário

Apresentação do Projecto Multidisciplinar com vista à reactivação da Fortaleza de Castelo Branco




José Júlio Vaz de Carvalho

         Castelo Branco é hoje uma importante cidade de média dimensão em Portugal.
Desde muito cedo foi um ponto estratégico de fundamental importância para a defesa do Reino e essa característica manteve-se sempre ao longo da sua existência tendo chegado aos dias de hoje mantendo essa posição, mais por motivos de natureza económica e outros que não os de estratégia militar.
Recuando aos primeiros registos documentados, desde cedo se nota a preocupação de dotar a cidade de infraestruturas capazes de a tornar um ponto de defesa eficaz e foram sem dúvida os Cavaleiros da Ordem do Templo que terão tido o papel mais activo na fortificação do povoado de Vila Franca da Cardosa. Fazendo fé na tese de Nuno Villamariz que o topónimo Castelo Branco alude à fortaleza daquela Ordem sita em Château Blanc na Síria, a arte e saber dos Cavaleiros Templários terá sido fundamental na forma como ela se tornou quase inexpugnável pela sua concepção de difícil abordagem, tornando-a, durante séculos, um forte argumento dissuasor de tentativas de incursão nesta zona do território.
         Até às primeiras destruições sérias feitas nas suas estruturas, quando da Guerra da Restauração, o castelo manteve sempre as suas muralhas actualizadas e cuidadas, como se depreende dos debuxos Duarte D’Armas contidos no Livro das Fortalezas (1507), dando-se depois um declínio continuado com as guerras seguintes, do qual ressalta a Guerra Peninsular muito por culpa da sua não readaptação aos novos meios tecnológicos militares. Mais tarde, ao longo dos séculos XIX e XX, várias decisões políticas emanadas do poder central e local, muitas delas agitando as bandeiras do progresso (tantas vezes de carácter duvidoso) e benfeitoria da comunidade Albicastrense, delapidaram-se a um ritmo alucinante inúmeros monumentos por toda a cidade e arredores ao qual não escapou a multisecular fortaleza da cidade. Foram feitos verdadeiros atentados ao património e mesmo nos anos 70/80 do século XX, vereadores da Câmara questionavam se haveria algum interesse em preservar “ruinas” da muralha, em detrimento da construção de um edifício dos TLP na zona do Postiguinho de Valadares. Já no século dezanove havia muitos ilustres Albicastrenses que se opunham a tão selváticos atropelos à memória da cidade e ao seu património alertando para a delapidação e destruição do mesmo e graças a alguns concidadãos mais resistentes nas suas convicções, a selvajaria abrandou e parece que, pelo menos para já, a tomada de consciência para os benefícios de uma preservação, restauro e bom aproveitamento do património, podem contribuir muito mais que determinadas intervenções que descaracterizam a cidade e, tantas vezes, servem interesses privados sem qualquer respeito pelo património, cultura e tradições locais.


         Pretende-se com este Projecto, englobar várias vertentes do conhecimento sobre a nossa cidade, abordando a sua história tendo como base o castelo, desde a sua origem até aos nossos dias, reunindo numa súmula os vários estudos, escritos, publicações e documentos relativos a Castelo Branco, suas relações com outras Comunidades Portuguesas e Espanholas e importância como última sede Templária em Portugal durante cem anos, trabalho esse coordenado por técnicos de nomeado reconhecimento nas áreas da história Medieval e Templária, encerrando-os numa publicação bilingue (Português – Espanhol).
Esta publicação acompanharia a apresentação de uma maquete à escala 1/200 da cidade e suas muralhas (com as dimensões de base de 3x3m), conforme os debuxos e plantas contidos no Livro das Fortalezas de Duarte D’Armas, a ser oferecida à cidade para exposição em local público, de preferência num espaço destinado a funcionar como Centro de Interpretação do Castelo.
Neste espaço, funcionaria ainda, tendo como objecto central a referida maquete, um espaço de exposição de motivos relacionados com a História, Passado Medieval e Templário da Cidade no qual, visitantes e Albicastrenses, pudessem fazer uma “viagem no tempo” e assim compreender a verdadeira importância de Castelo Branco nessas épocas.
Seria também um local privilegiado para visitas de Grupos escolares, estando também incluída uma pequena oficina de manutenção e confecção de maquetes da arquitetura histórica, mais pormenorizadas, de forma a facilitar a interpretação das várias alterações e intervenções no património da cidade e do seu Castelo, confecção de pequenas representações de dois ícones da cidade (Torreão dos Alcaides e Torre do Relógio) numerados e certificados, de forma a serem adquiridas pelos visitantes ficando assim com uma imagem tridimensional destes símbolos de Castelo Branco, destinando-se a receita da sua venda para o auxílio à manutenção do espaço.
O Centro de Interpretação do Castelo seria o ponto de partida para visitas orientadas através de flyers com marcação/roteiro dos pontos de interesse de forma a orientar em percursos referenciados por correspondência nas áreas recuperadas da cidade devidamente assinaladas; permitir-se-ia assim aos visitantes conhecer o património histórico que, à falta de referência ou orientação, fica tantas vezes “escondido” daqueles que nos visitam e seguindo uma rota urbana, acompanhada de flyers/roteiro, esses espaços passariam a ser mais frequentados/visitados.
 Incluir-se-ia ainda uma exposição fotográfica dos pontos recuperados fazendo a sua correspondência numa dinâmica (como era/como é hoje).
Esta é por assim dizer a base do Projecto a ser realizada num prazo médio de um ano.
         Outra vertente engloba a realização anual de eventos de carácter histórico tais como reconstituições de passagens marcantes na história da cidade levando assim aos residentes e visitantes o conhecimento “ao vivo” de episódios que fazem parte da nossa memória documentada e que é desconhecida da maioria de quantos não podem ou não têm facilidade em saber mais sobre a História da cidade. Dada a estreita ligação Histórica entre de Castelo Branco e Jerez de los Caballeros em Espanha, em especial no período Templário e da reconquista cristã, seria de todo o interesse reabilitar esse contacto partilhando conhecimentos sobre a história comum entre estas duas Comunidades que estiveram Geminadas há cerca de 700. A aproximação por geminação de ambas seria de interesse para ambas as Edilidades e suas populações, num reencontro que, certamente, daria excelentes frutos.
A realização da Feira Medieval poderia ser complementada alargando o seu programa a mais dramatizações de factos marcantes da vida da cidade medieval e renascentista ou uma representação das Invasões Francesas e seu impacto na vida social, política e económica da região, são alguns dos exemplos de iniciativas a realizar.
Incluem-se a promoção de palestras e conferências sobre a História da cidade e temas relacionados com a sua evolução.
         A terceira vertente, esta de carácter mais audacioso, prende-se com a efectivação de um estudo com vista à reconstrução da alcáçova do Planalto do Castelo, reconstruindo-a a partir dos documentos disponíveis tendo em vista a implementação de um Centro de Estudos e Interpretação Medieval e Templária à medida da dimensão da importância (ainda não reconhecida) que a cidade teve no comando e gestão dos destinos da Ordem em Portugal e no panorama Ibérico, o aproveitamento turístico com a implementação de uma pousada histórica no antigo Palácio dos Comendadores ou outro aproveitamento turístico de interesse para a cidade (Restaurante, por exemplo). O elevado custo que importaria tal empresa, obrigará por certo à elaboração de um projecto minucioso e bem estruturado, recorrendo-se a fundos comunitários (QREN) com vista à reconstrução do património e às novas tecnologias usadas na recuperação, restauro ou reconstrução de estruturas medievais.

Sendo exequíveis a pequeno/médio prazo as iniciativas aqui propostas (salvaguardando o aspecto ambicioso de uma recuperação/intervenção do espaço existente na Alcáçova), aguarda-se a melhor resposta dos responsáveis da nossa cidade, aguardando-se que ela seja aceite e aproveitada como mais um contributo ao enobrecimento de Castelo Branco.

    O Autor/Mentor do Projecto
                                                                          
Júlio Vaz de Carvalho.







http://projectocastelodecastelobranco.blogspot.pt/2012/08/castelo-branco-atalaia-da-beira-baixa.html

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