domingo, 23 de agosto de 2015

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Castelo Branco - Atalaia da Beira Baixa.


          Castelo Branco é hoje uma das mais importantes cidades de média dimensão em Portugal.
Desde muito cedo foi um ponto estratégico de fundamental importância para a defesa do Reino e essa característica manteve-se sempre ao longo da sua existência tendo chegado aos dias de hoje mantendo essa posição, mais por motivos de natureza económica e outros que não os de estratégia militar.
Recuando aos primeiros registos documentados, desde cedo se nota a preocupação de dotar a cidade de infraestruturas capazes de a tornar um ponto de defesa eficaz e foram sem dúvida os Cavaleiros da Ordem do Templo que terão tido o papel mais activo na fortificação do povoado de Vila Franca da Cardosa. Fazendo fé na tese de Nuno Villamariz que o topónimo Castelo Branco alude à fortaleza daquela Ordem sita em Château Blanc na Síria, a arte e saber dos Cavaleiros Templários terá sido fundamental na forma como ela se tornou quase inexpugnável pela sua concepção de difícil abordagem, tornando-a, durante séculos, um forte argumento dissuasor de tentativas de incursão nesta zona do território.
         Até às primeiras destruições sérias feitas nas suas estruturas, quando da Guerra da Restauração, o castelo manteve sempre as suas muralhas actualizadas e cuidadas, como se depreende dos debuxos Duarte D’Armas contidos no Livro das Fortalezas (1507), dando-se depois um declínio continuado com as guerras seguintes, do qual ressalta a Guerra Peninsular muito por culpa da sua não readaptação aos novos meios tecnológicos militares. Mais tarde, ao longo dos séculos XIX e XX, várias decisões políticas emanadas do poder central e local, muitas delas agitando as bandeiras do progresso (tantas vezes de carácter duvidoso) e benfeitoria da comunidade Albicastrense, delapidaram-se a um ritmo alucinante inúmeros monumentos por toda a cidade e arredores ao qual não escapou a multisecular fortaleza da cidade. Foram feitos verdadeiros atentados ao património e mesmo nos anos 70/80 do século XX, vereadores da Câmara questionavam se haveria algum interesse em preservar “ruinas” da muralha, em detrimento da construção de um edifício dos TLP na zona do Postiguinho de Valadares. Já no século dezanove havia muitos ilustres Albicastrenses que se opunham a tão selváticos atropelos à memória da cidade e ao seu património alertando para a delapidação e destruição do mesmo e graças a alguns concidadãos mais resistentes nas suas convicções, a selvajaria abrandou e parece que, pelo menos para já, a tomada de consciência para os benefícios de uma preservação, restauro e bom aproveitamento do património, podem contribuir muito mais que determinadas intervenções que descaracterizam a cidade e, tantas vezes, servem interesses privados sem qualquer respeito pelo património, cultura e tradições locais.
         Pretende-se com o Projecto que mais à frente se apresenta, englobar várias vertentes do conhecimento sobre a nossa cidade, abordando a sua história tendo como base o castelo, desde a sua origem até aos nossos dias, reunindo os vários estudos, escritos, publicações e documentos relativos a Castelo Branco, reunindo-os numa súmula coordenada por técnicos de nomeado reconhecimento nas áreas da história, encerrando-os numa publicação bilingue e ainda a reprodução em maquete à escala 1/200 da alcáçova, vila e cerca da mesma, bem como áreas envolventes, tal como se pode apreciar nos debuxos quinhentistas de Duarte D’Armas.

                                                                                                                                                  JVC